An End to Fate

sábado, abril 14, 2007

Capítulo 13 - Decisão

Os cinco indivíduos sentados à mesa de uma sala mal iluminada estavam apreensivos, ultimamente seus antagonistas, militares remanescentes de todos os buracos do mundo, haviam começado uma ofensiva muito bem planejada e muitos de seus simpatizantes agora estavam alimentando ratos e vermes pelas ruas da cidade.

Estavam ali para tentar planejar um contra-ataque, pois devido às últimas baixas seriam esmagados se falhassem mais uma vez.
Na verdade, só havia uma explicação para tanto insucesso, alguém os havia traído, e nesse momento quatro dos homens tentavam sondar uns aos outros.
Porém, o quinto olhava para a janela, não gostava daquela atmosfera tensa, enquanto os outros se encaravam e se sondavam ele observava a rua, sua mente vagava através da janela.

A rua era mal asfaltada pois alguns blocos de pedra saltavam aqui e ali, e a partir de certo ponto começava uma camada de barro até que a rua não possuísse pedra alguma tornando-se um lamaçal. O barrraco era apenas um cômodo com a mesa, as cadeiras e algumas velas, a porta eram alguns papelões.

O silêncio áspero fez com que o homem a olhar a janela se apercebesse que os outros o observavam. Resolveu então romper o silêncio:

- Se querem saber quem nos traiu, não está aqui. E digo mais, não finjam que não sabem de nada, eu sou o que mais confia nos outros, por isso eu precisei investigar, mas tenho certeza que vocês sabem quem são, mas não acreditam que essas pessoas podem ter feito isso sozinhas. Eu os asseguro que só existem esses dois traidores e já os teria matado se não fosse conveniente que permanecessem vivos.

Nenhum comentário, mas pelas caras que os outros fizeram ele percebeu que haviam compreendido, resolveu então continuar:

- Bem, dito isso, apóio o que quer que decidam quanto ao que fazer em relação aos últimos ataques, mas como não estou me sentindo bem, vou voltar pra casa. Até mais.

E então o homem, que há pouco observava a rua, levanta-se e sai do barraco.

Lá dentro:

- Raony, ele está estranho demais esses dias, vou atrás dele.
- Desde aquele 'acidente' ele está assim, acho que foi traumático pra ele.
- Eu sei e é justamente por isso que eu quero ir atrás, essa atitude de 'não preciso de ajuda' dele só causa problemas.
- Ok, então...

O segundo homem sai algum tempo depois do primeiro, ambos caminham muito do Pina até o início da cidade velha, perto de um parque. Bruno segue-o a uma distância grande e fica a observá-lo de uma construção próxima ao parque quando ele começa a descer a ponte que leva do Pina para a cidade.

Um outro homem espera aquele que saiu primeiro lá, ambos mantêm uma distância grande entre si. Bruno então corre lateralmente para encontrar uma posição melhor e poder observar. Klaus e o desconhecido param frente a frente, cerca de vinte metros um do outro.
Bruno apura os ouvidos:

- Sabia que você viria... e então, aceita? - Diz o estranho.

Klaus anda até um lixeiro caído de seu suporte, lá ele se agaixa e deposita um fio sujo e encardido com uma pedra presa que fora retirado de seu bolso e outrora era usado no pescoço. Depois, levanta-se e diz:

- Você sabe que eu vou matar todos vocês e ainda assim vai me levar vivo para lá... por quê?

O outro homem pára e observa o céu por um momento. E depois diz:

- Eu não sei. Apenas senti que era a coisa certa a se fazer. Desculpe por ter feito elas traírem vocês.

Então Klaus interrompe o outro homem:

- Não se incomode Wolfgang. Essas lutas estão durando muito, qualquer pessoa tentaria acabar com as lutas do jeito que elas fizeram. Bem, vamos indo, serei interrogado não é? Devemos estar atrasados, espere só eu me despedir de um amigo.

Klaus então oha diretamente para a posição onde Bruno se encontra e grita:

- Lembre-se de mim Bruno !!

Então enquanto Bruno se surpreende com o grito, Klaus e Wolfgang saem do parque, entram num jipe e saem rumo ao Recife antigo.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Intermission - As roupas velhas do imperador

Um dos maiores problemas em escrever o Recife Runs é o número de personagens, e como dar a cada um deles o que fazer... depois do capítulo 12 eu mentalizei o que eu queria pro 13 e 14, mas percebi que não aconteciam muitas coisas, mas davam passos enormes em direção ao final da história (sim, a história tem final), sem contar que eu não fiquei satisfeito com eles, então eu peguei o que prestava e guardei, então por enquanto esses episódios vão ter de esperar um pouco. Mas não te desesperes caro leitor (sim, você é muito caro pra mim, afinal, você tem saco de vir aqui, mesmo sem nenhuma garantia que eu irei abandonar tudo e parar de escrever e, você sabe, eu aprecio quem aprecia o que eu escrevo), espero poder postar pelo menos o próximo capítulo antes do recesso acabar, mas enquanto o próximo capítulo não chega, vou colocar aqui um conto que eu li achei sensacional.

As roupas velhas do imperador
por Sir Charles Antony Richard Hoare (ganhador do prêmio Turing de 1980)

Há muitos anos atrás, havia um imperador que era tão excessivamente orgulhoso de suas roupas que ele gastou todo o seu dinheiro em vestimentas. Ele não se incomodou com soldados, atender a banquetes ou julgar criminosos. De qualquer outro rei ou imperador se pode dizer, "ele está sentado no tribunal", mas dele sempre se dizia, "o imperador está sentado no seu guarda-roupas". E assim ele era. Numa ocasião desafortunada, ele havia sido enganado para que saísse nu para o seu vexame e o júbilo de seu séquito. Ele então resolveu que nunca mais sairia de seu trono, e para evitar nudez, ele ordenou que cada uma das suas várias novas roupas deveriam simplesmente serem costuradas em cima da velha.

O tempo passou tranquilamente na grande cidade que era sua capital. Ministros e membros da corte, tecelões e alfaiates, visitantes e súditos, costureiras e bordadores iam e viam da sala do trono nas suas numerosas tarefas e todos eles exclamavam, "como é magnífica a vestimenta de nosso imperador."

Um dia, o ministro mais antigo e mais fiel do imperador ouviu falar do mais distinto alfaiate que ensinava num antigo instituto de alta costura, e que havia desenvolvido um novo tipo de bordado abstrato que utilizava agulhas tão refinadas que ninguém conseguiria dizer se elas estava lá mesmo. "Essas devem ser, verdadeiramente, agulhas esplêndidas," pensou o ministro. "Se nós pudermos fazer com que esse alfaiate nos aconselhe, nós elevaremos os adornos de nosso imperador a tal nível de ostentação que todo o mundo terá que reconhecê-lo como o maior imperador que já existiu."

E entãoo velho e honesto ministro foi ao encontro do mestre alfaiate e pagou uma fortuna para que ele viesse até o reino. O alfaiate foi levao à sala do reino onde ele fez uma reverência ao amontoado de boas roupas que agora cobria completamente o trono. Toda a corte esperou ansiosamente pelos seus conselhos. Imaginem agora, a surpresa que se deu quando o seu conselho não foi adiciona sofisticação e mais bordados intrincados como os que já existiam, mas sim remover camadas de tanta fineza e tentar simplicidade e elegância no lugar de elaboração extravagante. "Esse alfaiate não é o especialista que diz ser", murmurou a corte. "Seu raciocínio tornou-se falho pelo longo tempo em contemplação em sua torre de marfim e ele não mais compreende as necessidades estilísticas de um imperador moderno. "

O alfaiate discutiu alto e longamente pelo bom senso de seu conselho, mas não pôde se fazer ouvir. Finalmente, ele aceitou seu estipêndio e retornou para sua torre de marfim.
Nunca até hoje se sabe a verdade dessa história: que numa bela manhã, quando o imperador se sentiu com calor e entediado, ele despiu-se cuidadosamente de sua montanha de roupas e agora está vivendo feliz como um pasto de porcos em uma outra estória. O alfaiate é canonizado como o santo protetor de todos os consultores, porque apesar do enorme lucro que ele conseguiu obter, ele nunca foi capaz de convencer seus clientes que as suas roupas não tinham imperador algum.

domingo, setembro 24, 2006

Capítulo 12 - Sangue

Numa sala escura dois homens assistem a um vídeo numa pequena televisão, um no lado direito da sala, encostado na parede e o outro bem próximo ao vídeo. O vídeo mostra os três terroristas mais perigosos da facção que opõe a força militar instaurada na cidade depois da explosão.

Depois de muitas cenas de violência o vídeo termina.

- E então, o que você acha deles? - pergunta o homem mais próximo da televisão, enquanto se vira para o companheiro.
- Eles são bons, mas queria ver algo sobre o freak que dizem que é integrante deles. - responde o homem encostado na parede.

O homem sentado na frente da televisão fica meio pensativo, então levanta-se, vai até uma mesa no fundo da sala e pega uma pasta. Então volta-se para o companheiro e diz:
- Tudo que temos é essa pasta. E não tem quase nada aqui. Ele esteve envolvido com a explosão.
O homem encostado na parede olha e responde:
- Não creio que teremos muitos problemas com ele. Acho que os problemas maiores são os outros, precisamos lidar com eles primeiro, afinal, esse cara não tem muito tempo de vida mesmo.

O outro concorda com a cabeça.

- Ouvi dizer que alguém colocou um espião lá dentro. É verdade?
- É o que parece. - Responde o homem com a pasta.
- Certo, agora fala o que você descobriu, não estamos nessa porra de lugar infernal pra ficar fazendo brincadeiras. - Fala o homem encostado na parede num tom mais sério.
- O lobo sentiu cheiro de sangue. - responde o homem com a pasta.

O outro homem desencosta da parede e fica pensativo por um tempo, depois, olha sério para seu colega e diz:

- Então o lobo já está caçando...