An End to Fate

quinta-feira, março 23, 2006

"Duel of Sadness"

Deicidi postar um outro tipo de filler antes de postar a continuação da Crônica.
Ei-lo.

"Kettou no kanashimi"

No alto da montanha há um templo. Gustave sabe disso, mas o caminho até lá é tão longo, ainda mais quando se é um homem de idade como ele. Por um momento ele sorri.
Os flocos de neve flutuam no ar gelado como se fossem mais leves que o ar e a trilha que deixa atrás de si é rapidamente apagada. Ainda assim ele continua, mesmo com seu manto rasgado e o estômago vazio sente-se em sua melhor forma. Após escalar mais um trecho difícil, ele senta no chão vendo sua própria respiração. Levantando um pouco a cabeça ele observa o templo, grandes portões de madeira abertos engastados em muralhas de pedra e gelo, um espaço razoável aberto após o pórtico mostra um gongo.

Gustave puxa uma espada enorme de sua bainha, a única bagagem que carregava além da comida, ao longo da lâmina um nome pode ser lido numa língua antiga: Durandal. Após observar o nome por algum tempo, ele coloca a espada sobre uma ombreira de pano improvisada e segue até o pórtico do templo.

Quando ele se aproxima do portão percebe que há um velho todo de branco, antes indistinguível da neve que continua a flutuar.
- Ele está a sua espera. Não quer descansar primeiro?
Gustave olha o homem nos olhos:
- Só teremos descanso depois disso.
Então o velho o leva por um corredor até o portão de trás do templo.
Gustave segue adiante sozinho. Sobe mais um pouco e na frente do precipício está o homem que procura, olhando para a base da montanha, um homem jovem, com cabelos brancos, ao seu lado uma espada negra .
- Desculpe a demora. Estava me livrando do resto das coisas que me prendiam.
- Você está pronto? - responde o homem de cabelos brancos.
- Creio que sim. E você, não acha que ela vai se importar?
- Não.
- Hmmm...
- E se fosse se importar, não se importaria com você principalmente?
- É verdade...
- Mas deixemos isso de lado, se nos importássemos mesmo com outros agora, não teríamos trazido nossas armas.
- Pois bem, estou pronto.

O homem de cabelos brancos vira-se e apanha a espada meio coberta de neve. Retira a bainha e a joga no precipício.

Os dois homens se encaram por um tempo minúsculo porém para eles é como se o tempo não existisse. Movem-se milímetros, mas seus olhos não se afastam um do outro.
Em um instante os dois avançam, seus movimentos fazem com que o fluxo de neve os acompanhe. As espadas se cruzam e o som violento de metal contra metal ecoa montanha abaixo. Os dois homens se empurram para trás e preparam-se para uma nova investida, Gustave pensa ter visto uma alucinação, ele vê seu antigo amigo Tetsunosuke no lugar do jovem. A mesma postura, a mesma velocidade, as mesmas dúvidas e o mesmo jeito franco...
Gustave balança a cabeça e novamente encara o jovem.
- Dias...
- No próximo ataque... eu sei. Minha cova já está pronta. Eu não sei o que escrever na lápide.
- Você...
- Hmm, acho que já sei. Escreva: "Por que?" - Está pronto Gustave ? Aí vou eu...
E então os dois correm e ambos desferem poderosos golpes que ao se encontrarem deslocam a neve e fazem o chão de pedra da montanha aparecer ao redor deles. Então o sangue começa a escorrer ao mesmo tempo em que a neve volta a cobrir o chão...

Perto dali um homem vestindo um manto negro observa os dois corpos cairem na neve enquanto toca sua flauta.